quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Mais de 40 mil bancários se afastaram por doenças e acidentes de trabalho em 10 anos

 



De 2012 a 2021, mais de 40 mil bancários (42.138) tiveram o direito ao benefício acidentário reconhecido pelo INSS por conta de doenças e acidentes relacionados ao trabalho. No mesmo período, 156.670 bancários tiveram reconhecido o afastamento por doença comum. 

Cerca de 54% destes benefícios comuns, no entanto, referem-se às doenças características do trabalho bancário: Transtornos Mentais, LER/Dort e do Sistema Nervoso.

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Ou seja, o que foi reconhecido como acidentário pelo INSS não condiz com a realidade, já que o adoecimento ligado ao trabalho é muito maior do que o efetivamente reconhecido.

Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho – uma iniciativa do Ministério Público do Trabalho (MPT) em cooperação com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) – e foram compilados pelo Dieese.

A partir de 2013, transtornos mentais e comportamentais passaram a ser a principal causa de afastamentos na categoria bancária.

De 2012 a 2021, apenas os Transtornos Mentais foram responsáveis por 5% dos afastamentos por acidentes de trabalho (auxílio previdenciário B-91), e 10% dos afastamentos por doenças comuns (B-31), nos Grupos Econômicos em Geral (conjunto total dos trabalhadores brasileiros).

Porém, no mesmo período, no setor econômico em que estão inseridos os bancos, as financeiras e a Caixa Econômica Federal, os transtornos mentais representaram 39% dos afastamentos por acidentes/doenças do trabalho e 29% dos afastamentos não reconhecidos como acidente ou doença do trabalho

“Ou seja, mesmo subnotificadas e não reconhecidas como tais, as doenças do trabalho que acometem os bancários são um alarmante sinal de um sistema de organização do trabalho que adoece muito mais que outras categorias, e que joga para o trabalhador e para o Estado o ônus desse adoecimento geral”, afirma a secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Valeska Pincovai.

As despesas do INSS com afastamentos no setor bancário no Brasil, de 2012 a 2017, somaram 776,8 milhões, 5,73% do total, segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho.

“Por isso precisamos fortalecer as leis e normas regulamentadoras e todos os sistemas que protegem os trabalhadores, uma vez que, se deixarmos tudo nas mãos dos patrões, este cenário não mudará tão cedo”, pontua Valeska.


Fonte: Sindicato dos bancários de São Paulo.

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