Conflito é resultado de tensões na fronteira russa, mas envolve questões politicas e militares ainda mais perturbadoras
O mundo acordou surpreendido com as noticias da invasão do exército russo contra a República popular da Ucrânia. Às 05:45 (horário de Moscou) o presidente da Rússia, Vladmir Putin, anunciou a operação que levaria ao avanço de suas tropas em solo ucraniano. Ação foi condenada pelo conselho de segurança da organização das nações unidas (ONU), mas expectativa é de que Putin não se intimide.
O agora presidente e antigo agente da KGB reconhece Donetsk e Lugansk como países independentes, regiões essas que são palcos de conflito armado contra a Ucrânia desde 2014 e são aliados da Rússia desde então. Putin justifica sua agressão em solo ucraniano pela suposta defesa de cidadãos russos que vivem nessas regiões, de onde teria recebido pedidos de ajuda militar.
Agregado a isso, está o que o presidente considera um alto risco e é, provavelmente, a principal causa da invasão; a possível entrada da Ucrânia na OTAN. Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é uma organização militar criada no auge da guerra fria que prevê ajuda mútua ativa em casos de invasão contra um dos países membros. Isso significa que, caso a Ucrânia já fizesse parte dessa organização, países como Estados Unidos da América, Inglaterra, França e muitos outros seriam obrigados por lei a interferir ativamente no conflito, não apenas com armas e empréstimos, mas também e principalmente com envio de tropas, aviões e navios de guerra. Há atualmente 28 países membros da OTAN com essa responsabilidade.
O temor russo é que a Ucrania, fazendo parte da OTAN, venha a abrigar bases militares americanas e, pior ainda, bases de misseis, o que colocaria a Russia em uma posição bastante desconfortável, considerando a proximidade de Kiev a Moscou. Apesar da agressão ocorrida hoje, ainda não houve invasão em larga escala, ou seja, tomada de cidades ucranianas por parte do exercito russo. Isso se dá, possivelmente, pela estratégia russa que deve consistir em esperar que com essa grande demonstração de força, a Ucrania venha a se render e, segundo o objetivo de Putin em anuncio feito em rede nacional, seja desmilitarizada.