quinta-feira, 28 de julho de 2022

Negociações sobre segurança bancária não avançam

 

Bancos queriam que bancários apoiassem a retirada de sistemas de segurança e vigilantes, bancários se recusaram e propuseram a criação de um GT para debater o tema; bancos se negaram a continuar o debate




O Comando Nacional dos Bancários se reuniu, nesta quinta-feira (28), com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), para dar continuidade às negociações da Campanha Nacional dos Bancários 2022. Em pauta a segurança nos bancos. “O tema é bastante sensível e temos que debater com toda sinceridade e responsabilidade que o mesmo requer”, disse o coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Elias Hennemann Jordão, ao propor a criação de um Grupo de Trabalho (GT) específico para discutir a questão e elaborar uma nova redação para as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria que tratam sobre segurança bancária. No decorrer da reunião, diversos membros do Comando apresentaram argumentos insistindo na criação do GT, mas os bancos se recusaram a debater o tema.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb/SP), Ivone Silva, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, lembrou que, em desrespeito às legislações, os bancos estão retirando portas de segurança e vigilantes de agências levando em conta a redução dos assaltos a bancos. “Hoje vemos outras modalidades de violência, que muitas vezes não têm a ver com os assaltos, mas com as agressões sofridas por bancárias e bancários”, observou.

A Fenaban alega que houve redução de 98,5% no número de assaltos a agências e postos bancários de 2000 a 2021 e propõe que a representação dos trabalhadores se juntem aos bancos e atuem contra as normas estaduais e municipais de segurança, que exijam aparatos de segurança além dos previstos na Lei 7.102/1983, que regulamenta a segurança bancária.

“Os casos reduziram justamente por causa dos sistemas de segurança, não há porque mexer em time que está ganhando”, disse Ivone. “Além disso, com o aumento dos registros e da venda de armas nos últimos anos no país, não vai demorar muito para que, nestas agências sem aparatos de segurança, as agressões descambem para situações mais graves”, completou.

Justamente por este fato, Elias considera a proposta apresentada pela Fenaban totalmente inoportuna. “Dada a conjuntura, existe uma preocupação com a retomada da violência. Por isso, entendemos que, se abrirmos mão de aparatos de segurança e de vigilantes neste momento, estaremos colocando em risco a categoria e os clientes. Acreditamos que temos que avançar na questão da segurança e não retroceder”, disse, lembrando que a retirada de portas de segurança e de vigilantes das agências bancárias desrespeita legislações específicas de estados e municípios e que existem várias decisões judiciais que condenam os bancos a pagarem multas pelo descumprimento das leis.

Vida X Patrimônio

Segundo dados dos bancos, em 2021, apenas 3% das transações bancárias foram realizadas em agências bancárias e, por isso, não há porque fazer tanto alarde na retirada de portas de seguranças e vigilantes das agências. Mas, um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que, ainda que em números relativos as transações via agências tenham perdido espaço, 48% delas são com movimentação financeira e que isso demonstra a importância de haver sistemas de segurança e vigilantes em qualquer tipo de agência bancária.

Ivone Silva ressaltou que existem diversos perfis de clientes, como aqueles que não têm sequer um smartphone e muitos não têm como pagar um plano de internet e que, em muitas localidades do país, o não há sinal de internet. “Além disso, temos que dizer que muitos clientes ‘saíram’ das agências porque não existem funcionários suficientes para atendê-los. Além disso, ele é empurrado para o autoatendimento e para o internet banking, pois sequer consegue pagar todas as contas nas agências. Muitos clientes são expulsos das agências. Os bancos querem, na verdade, os clientes de grande poder aquisitivo”, disse.

A secretária geral do Seeb/SP, Neiva Maria dos Santos, lembrou que, além dos assaltos, existem muitos relatos de violência sofridas por bancárias e bancários no dia a dia do trabalho nas agências. “Seja por causa do estresse devido ao tempo de espera nas filas, seja por outro motivo, alguns clientes pegam os trabalhadores para ‘acertar a conta’, como se eles fossem responsáveis pelos problemas de atendimento gerados pela falta de estrutura física ou de pessoal”, disse. “Por isso, ao falarmos de segurança bancária, não podemos levar em conta apenas a proteção patrimonial. Temos que discutir tendo em conta questões de condições de trabalho, com trabalhadores tendo que lidar dos problemas do dia a dia e ainda lidar com a questão da segurança patrimonial e a sua própria e de seus clientes devido à falta de aparatos de segurança e a ausência de vigilantes”, completou.

Grupo de trabalho

Para Juberlei Bacelo, da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), mesmo nos novos modelos de agência continua havendo riscos e os bancos devem negociar antes de tomar medidas que reduzam a segurança mesmo nas chamadas unidades de negócios. “Nos é cobrado de negociar antes de tomar qualquer medida, mas os bancos, infelizmente, vêm descumprindo a legislação, sem nenhum tipo de negociação com o movimento sindical”, disse. “Ninguém quer impedir novos modelos, mas não se pode simplesmente descumprir a lei. É preciso haver negociação coletiva. Queremos juntos buscar soluções”, completou.

O coordenador Elias Jordão lembrou também que é preciso incluir os vigilantes no debate. “Uma negociação somente entre bancos e bancários não poria fim ao conflito, pois estaríamos deixando a categoria dos vigilantes na berlinda e eles podem se contrapor ao que negociarmos. Por isso, propomos a criação de GT tripartite para debatermos o tema”, propôs.

A Fenaban recusou a proposta de criação do GT e disse que está aberta a debater o tema até o final de agosto e, caso contrário, assumirá a responsabilidade por tocar a pauta de acordo com seus interesses.

Próxima negociação

A próxima reunião de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban está marcada para segunda-feira (1º de agosto) para debater sobre saúde e condições de trabalho.


Fonte: CONTRAF/CUT

quarta-feira, 27 de julho de 2022

As agências bancárias do Maranhão não vão funcionar nesta quinta-feira (28)

As agências bancárias do Maranhão não vão funcionar nesta quinta-feira (28), em virtude do feriado da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, ocorrida em 28 de julho de 1823, um ano após a proclamação da Independência do País.


O estado do Maranhão foi um dos últimos a aderirem à Independência. À época, o Maranhão era uma das regiões mais ricas do País e ainda estava fortemente ligada à Portugal. Por esse motivo, houve grande resistência, por parte das elites agrícolas e pecuaristas, em relação à adesão, que só ocorreu após um cerco e ameaça de destruição da cidade de São Luís.

O termo oficial de adesão do Maranhão à independência do país foi assinado no dia 7 de agosto de 1823, na cidade de Caxias, porém, o feriado é comemorado no dia 28 de julho.

terça-feira, 26 de julho de 2022

Caixa se compromete a contratar mais empregados

 

Banco também aceitou discutir o Programa de Gestão de Desempenho de Pessoas

 

 

Em reunião de negociações com a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal, ocorrida nesta segunda-feira (25), o banco se comprometeu em dar continuidade das fases do processo de contratação, previsto em edital, dos candidatos já convocados e com exames médicos aptos.

“Nos últimos anos, a Caixa vem reduzindo drasticamente no número de trabalhadores no banco. Na contramão, houve um grande aumento do número de clientes e de contas. Isso causa superlotação, sobrecarga de trabalho e adoecimento, prejudicando o atendimento à população”, observou o coordenador da CEE, Clotário Cardoso ao destacar que a Caixa possui mais de 142 milhões de clientes e 220 milhões de contas bancárias e que cada empregado é responsável pelo atendimento de, em média, 1.700 clientes. Para Cardoso, a contratação prometida pela Caixa é bem-vinda, mas a demanda por mais contratações permanece. “Para acabar com a sobrecarga de trabalho, a superlotação, adoecimento dos trabalhos e atender bem seus clientes, seria preciso contratar de aproximadamente 30 mil empregados”, completou.

A Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) autorizou a Caixa a contratar mais empregados até completar um quadro de 87.544 trabalhadores. Hoje o banco possui 86.907 empregados, segundo dados dos representantes da Caixa.


GDP

Outro avanço nas negociações desta segunda-feira foi a disponibilidade do banco em debater sobre o Programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP). “Para nós, a GDP deveria ser gestão de desenvolvimento de pessoas e não de desempenho. Do jeito que está ela pode ser utilizada como forma de assédio”, afirmou Cardoso. “Precisamos encontrar formas para construir uma ferramenta que ajude os trabalhadores a se desenvolver e ascender na carreira, não a sofrer assédio”, completou.

“Existem alguns princípios que precisam ser levados em conta na hora de tratar da ascensão de carreira. A nossa lógica de avaliação de desempenho de pessoas precisa valorizá-las e não levá-las ao adoecimento”, disse a diretora executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Eliana Brasil.

Para o representante da Federação Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados da Bahia e Sergipe (Feeb – BA/SE), Emanoel Souza a Caixa adoeceu e esta é a oportunidade de se construir uma vacina para se evitar episódios desagradáveis. “Precisamos construir outras ferramentas e instâncias de avaliação que estejam descontaminadas com o vírus do assédio”, disse. “Devemos sinalizar os pontos que devem ser levados em conta para esta construção”, completou.

O representante da Federação dos Bancários do Estado do Rio de Janeiro (Federa/RJ), Rogério Campanate, lembrou ainda da implementação da curva forçada. “Nos disseram que era uma tentativa de mudança de cultura que levava os gestores a tratarem com maior rigor o desempenho dos empregados. Isso abre possibilidades para o assédio, que não pode existir na nova ferramenta, para permitir que empregados e empregadas da Caixa trabalhem em um ambiente que garanta sua saúde física, mental e profissional”, disse.

“Precisamos construir uma ferramenta que funcione independentemente da mudança de governo, ou gestão”, observou Emanuel.

A Caixa aceitou discutir a GDP para que haja uma construção conjunta de uma ferramenta de avaliação do desempenho das empregadas e empregados.

 

Seleção interna

Outra demanda apresentada pela representação dos empregados foi com relação aos processos de seleção interna (PSI). “Existem inúmeros relatos de travas que impedem a ascensão profissional”, disse o coordenador da CEE.

A Caixa informou que desde novembro de 2020 não existem mais travas que impedem a ascensão.

“Pode não existir a trava formal, mas a Caixa impede a saída, porque não existe a contratação para a substituição da pessoa. Se ela sai o departamento, ou agência fica desguarnecido. Aí dizem que somente libera, se o próprio trabalhador arrumar alguém para substitui-lo”, explicou a representante da Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP), Vivian Carla de Sá.

 

A representação dos trabalhadores também cobrou maior divulgação do fim das travas no PSI. A Caixa se comprometeu a melhorar a comunicação e encontrar formas para que não se impeça a ascensão profissional. Mas, com relação aos optantes pelo REG/Replan não saldado disse que estes estavam cientes da impossibilidade quando fizeram a opção.

O representante da Feeb-BA/SE discorda. Ele disse que no momento da opção o documento dizia que não haveria empecilhos à ascensão na carreira, ou travas às seleções internas.

 

Jornada

A representação dos empregados também apresentou a demanda de jornada de quatro dias semanais. “Quando os bancários conquistaram as seis horas de trabalho, todo mundo achava que era utópico. Agora, estamos trazendo a reivindicação de uma jornada de quatro dias por semana”, disse Cardoso.

Eliana Brasil, diretora executiva da Contraf-CUT, ressaltou que existem estudos que mostram haver ganho de produtividade quando se há redução de jornada. “Os trabalhadores trabalham mais felizes. Além disso, também existe a possibilidade de se aumentar as contratações”, disse.

E o representante da Federa/RJ, Rogério Campanate, disse que esta é uma tendência mundial, ao citar um estudo realizado na Europa. “Na medida em que há mudanças tecnológicas, os ganhos precisam ser compartilhados também pelos trabalhadores. A tecnologia não pode trazer ganhos apenas para as empresas”, disse.

 

Outros assuntos

A reunião também tratou sobre descomissionamento arbitrário, a incorporação de função gratificada e o fim da designação por minuto para as funções de caixa, tesoureiro e avaliador de penhor.

“Os empregados lutam para conquistar uma função gratificada, mas quando conseguem obtê-la se estabelece uma grave dependência, já que em alguns casos ela representa 60% ou mais da remuneração do trabalhador. Por esse motivo regular com clareza o acesso às funções é um dos pontos cruciais da mesa especifica com a Caixa”, Carlos Augusto (Pipoca), representante da Federação Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb-SP/MS).

Sobre a designação por minuto o banco concorda em debater e quer agendar uma reunião específica para tratar do assunto. Mas, com relação aos outros dois temas o banco se nega a retomar a incorporação das gratificações de função e disse que os descomissionamentos ocorrem quando há motivação, classificando-os como desligamentos motivados.

A representação dos trabalhadores também pediu o retorno das áreas de logística e gestão de pessoas nos estados/regiões.

 

 

Fonte: Contraf Cut - https://contrafcut.com.br/noticias/caixa-se-compromete-a-contratar-mais-empregados/


 

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