Banco também aceitou discutir o Programa de Gestão de Desempenho de
Pessoas

Em
reunião de negociações com a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa
Econômica Federal, ocorrida nesta segunda-feira (25), o banco se comprometeu em
dar continuidade das fases do processo de contratação, previsto em edital, dos
candidatos já convocados e com exames médicos aptos.
“Nos
últimos anos, a Caixa vem reduzindo drasticamente no número de trabalhadores no
banco. Na contramão, houve um grande aumento do número de clientes e de contas.
Isso causa superlotação, sobrecarga de trabalho e adoecimento, prejudicando o
atendimento à população”, observou o coordenador da CEE, Clotário Cardoso ao
destacar que a Caixa possui mais de 142 milhões de clientes e 220 milhões de
contas bancárias e que cada empregado é responsável pelo atendimento de, em
média, 1.700 clientes. Para Cardoso, a contratação prometida pela Caixa é
bem-vinda, mas a demanda por mais contratações permanece. “Para acabar com a
sobrecarga de trabalho, a superlotação, adoecimento dos trabalhos e atender bem
seus clientes, seria preciso contratar de aproximadamente 30 mil empregados”,
completou.
A
Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) autorizou a
Caixa a contratar mais empregados até completar um quadro de 87.544
trabalhadores. Hoje o banco possui 86.907 empregados, segundo dados dos
representantes da Caixa.
GDP
Outro
avanço nas negociações desta segunda-feira foi a disponibilidade do banco em
debater sobre o Programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP). “Para nós, a
GDP deveria ser gestão de desenvolvimento de pessoas e não de desempenho. Do
jeito que está ela pode ser utilizada como forma de assédio”, afirmou Cardoso.
“Precisamos encontrar formas para construir uma ferramenta que ajude os
trabalhadores a se desenvolver e ascender na carreira, não a sofrer assédio”,
completou.
“Existem
alguns princípios que precisam ser levados em conta na hora de tratar da
ascensão de carreira. A nossa lógica de avaliação de desempenho de pessoas
precisa valorizá-las e não levá-las ao adoecimento”, disse a diretora executiva
da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT),
Eliana Brasil.
Para o
representante da Federação Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados
da Bahia e Sergipe (Feeb – BA/SE), Emanoel Souza a Caixa adoeceu e esta é a
oportunidade de se construir uma vacina para se evitar episódios desagradáveis.
“Precisamos construir outras ferramentas e instâncias de avaliação que estejam
descontaminadas com o vírus do assédio”, disse. “Devemos sinalizar os pontos
que devem ser levados em conta para esta construção”, completou.
O
representante da Federação dos Bancários do Estado do Rio de Janeiro
(Federa/RJ), Rogério Campanate, lembrou ainda da implementação da curva
forçada. “Nos disseram que era uma tentativa de mudança de cultura que levava
os gestores a tratarem com maior rigor o desempenho dos empregados. Isso abre
possibilidades para o assédio, que não pode existir na nova ferramenta, para
permitir que empregados e empregadas da Caixa trabalhem em um ambiente que
garanta sua saúde física, mental e profissional”, disse.
“Precisamos
construir uma ferramenta que funcione independentemente da mudança de governo,
ou gestão”, observou Emanuel.
A Caixa
aceitou discutir a GDP para que haja uma construção conjunta de uma ferramenta
de avaliação do desempenho das empregadas e empregados.
Seleção interna
Outra
demanda apresentada pela representação dos empregados foi com relação aos
processos de seleção interna (PSI). “Existem inúmeros relatos de travas que
impedem a ascensão profissional”, disse o coordenador da CEE.
A Caixa
informou que desde novembro de 2020 não existem mais travas que impedem a
ascensão.
“Pode não
existir a trava formal, mas a Caixa impede a saída, porque não existe a
contratação para a substituição da pessoa. Se ela sai o departamento, ou
agência fica desguarnecido. Aí dizem que somente libera, se o próprio
trabalhador arrumar alguém para substitui-lo”, explicou a representante da
Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP), Vivian
Carla de Sá.
A
representação dos trabalhadores também cobrou maior divulgação do fim das
travas no PSI. A Caixa se comprometeu a melhorar a comunicação e encontrar
formas para que não se impeça a ascensão profissional. Mas, com relação aos
optantes pelo REG/Replan não saldado disse que estes estavam cientes da
impossibilidade quando fizeram a opção.
O
representante da Feeb-BA/SE discorda. Ele disse que no momento da opção o
documento dizia que não haveria empecilhos à ascensão na carreira, ou travas às
seleções internas.
Jornada
A
representação dos empregados também apresentou a demanda de jornada de quatro
dias semanais. “Quando os bancários conquistaram as seis horas de trabalho,
todo mundo achava que era utópico. Agora, estamos trazendo a reivindicação de
uma jornada de quatro dias por semana”, disse Cardoso.
Eliana
Brasil, diretora executiva da Contraf-CUT, ressaltou que existem estudos que
mostram haver ganho de produtividade quando se há redução de jornada. “Os
trabalhadores trabalham mais felizes. Além disso, também existe a possibilidade
de se aumentar as contratações”, disse.
E o
representante da Federa/RJ, Rogério Campanate, disse que esta é uma tendência
mundial, ao citar um estudo realizado na Europa.
“Na medida em que há mudanças tecnológicas, os ganhos precisam ser
compartilhados também pelos trabalhadores. A tecnologia não pode trazer ganhos
apenas para as empresas”, disse.
Outros assuntos
A reunião
também tratou sobre descomissionamento arbitrário, a incorporação de função
gratificada e o fim da designação por minuto para as funções de caixa,
tesoureiro e avaliador de penhor.
“Os
empregados lutam para conquistar uma função gratificada, mas quando conseguem
obtê-la se estabelece uma grave dependência, já que em alguns casos ela
representa 60% ou mais da remuneração do trabalhador. Por esse motivo regular
com clareza o acesso às funções é um dos pontos cruciais da mesa especifica com
a Caixa”, Carlos Augusto (Pipoca), representante da Federação Empregados em
Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul
(Feeb-SP/MS).
Sobre a
designação por minuto o banco concorda em debater e quer agendar uma reunião
específica para tratar do assunto. Mas, com relação aos outros dois temas o
banco se nega a retomar a incorporação das gratificações de função e disse que
os descomissionamentos ocorrem quando há motivação, classificando-os como
desligamentos motivados.
A
representação dos trabalhadores também pediu o retorno das áreas de logística e
gestão de pessoas nos estados/regiões.
- #BoraGanharEsseJogo, Campanha dos Bancários 2022, Campanha Nacional dos Bancários 2022, Concurso da Caixa, concurso público, Condições de Trabalho, Contratações, descomissionamento, GDP,
Jornada,
PSI,
seleção interna, Sobrecarga de trabalho
Fonte:
Contraf Cut - https://contrafcut.com.br/noticias/caixa-se-compromete-a-contratar-mais-empregados/